O que se entende por máscara? Um elemento que se utiliza para esconder uma realidade? Para criar uma nova? Para viver uma fantasia? Independente do número de significados que o uso coloquial da palavra máscara traga consigo, é fato que por trás dela existe uma essência. Existe o indivíduo em si, a sua natureza sem o suporte da máscara.

Ao falar de Antonin Artaud, no entanto, não entendemos a máscara como o objeto capaz de ocultar um ser por si só, uma essência; falamos justamente sobre a infinita possibilidade de ser muitos em um. Falamos sobre quantas máscaras são reveladas pela sua obra, pela expressão de suas ideias que extrapola o literário, alcançando o real e fazendo do poeta muitos Artauds.

“As máscaras de Artaud não diz respeito a nenhuma dessas modalidades de máscaras. Renan Pavini nos convida a descobri-las por meio de uma vereda: de uma vida exigida por uma obra, de uma obra resultado de uma vida em mutação, num processo de renascimento e morte que visava à transformação de Antonin Artaud num estrangeiro em sua própria terra, em sua própria carne, estrangeiro para o outro e para si mesmo. Uma transformação tão radical que ultrapassasse a noção de obra literária, de representação teatral, para se efetivar no real, borrando assim as fronteiras entre arte e vida.” (Marta Dantas)

Dada a sua extensa pesquisa na área de Estética e Filosofia Contemporânea, Renan Pavini é especialista nas produções de autores como Foucault, Nietzsche, Blanchot e Artaud. Nesta obra, Pavini evoca o silêncio e o vazio presentes nos escritos de Artaud a fim de entender a singularidade explícita em cada um e que lhes torna únicos, pois entende que é assim que se evidenciam as diferentes máscaras que fazem de Artaud, Artauds.