O acesso à formação universitária para muitos é mais do que uma etapa no ciclo de aprendizado e desenvolvimento, é um marco histórico que, algumas vezes, ultrapassa gerações. Uma formação universitária e a consequente conquista de uma profissão é capaz de transformar realidades, quebrar ciclos e impactar diretamente indicadores econômicos e sociais. Mas, numa sociedade que vive tantas desigualdades, ter acesso à universidade pode ser literalmente impossível.

O Programa Universidade para Todos (Prouni) foi criado pelo governo brasileiro em 2004, a partir da conjunção de dois fatores: aumento da demanda por educação superior e existência de vagas ociosas no setor privado. O lançamento do Prouni está entre os passos que visam a desconstrução de uma triste realidade brasileira: o ensino privado custa caro e o ensino público não oferece base sólida para o acesso às universidades federais e estaduais.

Desde a sua chegada, o Prouni já tornou possível uma formação universitária a muitos jovens de baixa renda. Mas, mediante a uma realidade de tanta desigualdade, seria o acesso à universidade o único desafio desses jovens? O livro Olhares sobre o Prouni na PUCPR: uma análise sobre o acesso e a permanência de jovens bolsistas no Ensino Superior é resultado de um trabalho de dois anos desenvolvido pelo Observatório das Juventudes e pelo Instituto Ciência e Fé da PUCPR.

Organizado por Fabiano Incerti, Gustavo Bruno de Paula e Saulo Geber, o estudo consiste em um dos produtos do Ciclo Advocacy implementado pela universidade com o objetivo de compreender a situação de jovens alunos bolsistas, buscando fundamentar e desenvolver boas práticas institucionais para garantir seus direitos. Ao longo da obra, os autores apresentam e analisam os resultados de uma ampla pesquisa com cerca de 4.000 estudantes bolsistas Prouni da PUCPR com dados que buscam caracterizar não apenas o perfil social desses sujeitos, mas também sua vivência universitária e dimensões mais amplas, como moradia, trabalho e práticas culturais.

“A pesquisa realizada pela PUCPR […] poderá trazer externalidades positivas em diferentes instâncias. Em primeiro lugar, no âmbito da própria instituição, com vistas ao aperfeiçoamento de seus mecanismos internos de assistência estudantil. Numa segunda

instância, poderá oferecer subsídios às instituições congêneres, uma vez que os prounistas dessas instituições estariam sujeitos a dificuldades semelhantes às de seus colegas da PUCPR. Por fim, os subsídios disponibilizados por meio deste livro, que corroboram estudos correlatos, poderão contribuir para o redesenho e o aperfeiçoamento dessa política pública.” (Paulo Roberto Corbucci)